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sexta-feira, 17 de junho de 2022

impressões FD3 por Gabriela Palieraqui


"Escrever sobre uma experiência tão significativa com certeza deixa até os mais vividos autores de certa forma desconcertados, quanto mais esta artista que vos escreve. Meu nome é Gabriela Palieraqui, sou pesquisadora de profissão e artista de coração. Desde quase sempre danço, desenho, pinto, atuo e escrevo - não necessariamente nessa ordem. 
Se você, assim como eu, participou da quarta edição do Festival Dança Três, imagino que tenhamos um amor em comum: a dança. Por isso, compartilho com você o relato da minha experiência nesses dias. 
Após um período traiçoeiro que derrubou muitos de nós, tivemos a oportunidade de retomar o fôlego em Três Lagoas. E afirmo a você com toda a convicção do mundo: como precisávamos desse fôlego! Tenho plena certeza que não estou sozinha ao dizer que todo o desenvolver do Festival emanava esperança para a nossa categoria. Pude notar isso com cada mostra, cada passagem de palco, cada espetáculo apresentado. 
A qualidade técnica e artística de cada grupo que participou demonstrou excelência e comprometimento com a arte que nos dispomos a produzir. Aliás, creio que essa é uma das características mais nobres em qualquer bailarine: a intencionalidade em ser excelente por comprometimento com a sua arte. 

 

Por falar em excelência, a roda de conversa foi um dos pontos altos do Festival Dança Três! Dentre os assuntos mais discutidos, falamos sobre o corpo dançante em todas as suas singularidades e um dos contrapontos à autenticidade desses corpos: a gordofobia. Foram explicitados relatos de bailarines que sofreram/sofrem com isso e foi discutido sobre o futuro da dança nessa realidade que impõe a estética do "corpo perfeito". 
Outro assunto abordado e amplamente discutido foi a centralidade - ou não - do ballet clássico sobre todas as demais manifestações artísticas: afinal, o ballet é realmente a "base de toda dança"? Nosso objetivo na roda de conversa não era chegar a conclusões (até porque a certeza absoluta acaba por se mostrar regada de ignorância), mas sim, levantar o debate e buscar formas diferentes de abordagem para cada assunto. 
Outro ponto no Festival Dança Três que me deixou sem palavras foram as mostras profissionais. As cias participantes nos transmitiram força e inspiração a partir dos trabalhos cheios de pesquisa e paixão! Cada apresentação, sem dúvidas, renderia aqui uma página inteira de relatos.  
Não posso deixar de citar as oficinas ministradas durante os dias de Festival. Eu participei das aulas de Samba de Gafieira iniciante, e saí de lá convicta a iniciar meus estudos na dança a dois. Um dos ensinamentos que recebemos foi sobre a conexão estabelecida sem palavras na dança, algo que conseguimos praticar já na primeira aula, assim como várias técnicas iniciais nessa modalidade. Embora tivéssemos pouco tempo para o aperfeiçoamento, fomos inspirades e motivades. Inclusive, imagino que essa inspiração se estende a partir das outras oficinas ministradas também, pois pudemos todes sair da nossa zona de conforto e aprender danças diferentes do que estamos acostumades. 
Deixo aqui o meu agradecimento e minha admiração pelo pessoal da Arado Cultural, que organizou esse evento grandioso que nos uniu por esses dias. Pudemos ver o cuidado de vocês e atenção aos detalhes em todos os momentos! Tivemos uma estadia maravilhosa em Três Lagoas, regada a dança, novas amizades e alegria. Que a nossa arte regional continue sendo preservada e promovida com tamanha excelência como o foi no Festival Dança Três. 
Se eu pudesse definir toda essa experiência em uma só palavra, esta seria CONEXÃO. Em todos os momentos pudemos sentir que estávamos todes juntes ali por um objetivo maior que nós mesmos. A arte nos transbordou. 
Os melhores dias são aquelas memórias gravadas em nós tão intensamente que jamais voltamos a ser quem éramos antes. As estações passam por nós, as circunstâncias mudam ao nosso redor, mas essas lembranças e vivências nos transformam de dentro pra fora. 
Obrigada pela oportunidade de vivenciar tudo isso. Até o próximo Festival Dança Três!" 
Gabriela Palieraqui 
Artista e pesquisadora em Desenvolvimento Local

 

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