quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Festival Dança Três: e a vida continua


Depois da poeira baixada, voltamos para refletir sobre como foi a 4ª Edição do Festival Dança Três, após alguns anos sem poder realizar o evento, por vários motivos, entre eles, e o mais impactante, a pandemia, que nos distanciou dos públicos por mais de dois anos.

Um breve retrospecto das edições anteriores: as primeiras aconteceram em 2013 e 2014, assim, uma atrás da outra, com um lapso de tempo para a realização da terceira edição, que só ocorreu três anos depois, em 2017, e a edição de 2022, a quarta e a última, até agora, realizada pela equipe de artistas produtoras da Arado Cultural.

O Festival Dança Três foi pensado com o intuito de reunir artistas e suas produções variadas, aproximá-los dos públicos da cidade de Três Lagoas, em conexão com os públicos das cidades da fronteira de Mato Grosso do Sul e de São Paulo, criando um ambiente favorável para a troca de experiências e aprendizados. A proximidade de Três Lagoas com cidades do interior de São Paulo, motivou os organizadores a pensarem em maneiras de incentivar os fluxos e os canais de comunicação entre os dois estados, abrindo outras oportunidades de conexão, por meio da dança.

Comecemos pelo fim. Domingo, 5 de junho, Lagoa Maior, Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Havia poeira sim! Levantada pelas danças que por lá movimentaram os chãos e os públicos: pessoas comuns, frequentadoras daquele espaço lindo da cidade, formado em sua maioria por moradores locais, bailarinos participantes do Festival, pessoal da produção, técnicos e organizadores do evento. Um último encontro para celebrar todos os outros que aconteceram e que ainda serão proporcionados por meio da dança.

Nesta tarde, a programação iniciou com a Cia de Dança do Pantanal, de Corumbá, com o trabalho-intervenção Migrantes. A coreografia de Wellington Julio Ferreira da Silva aliada à força de um elenco jovem e potente, hipnotizou os presentes mais distraídos, por meio de corridas pelos espaços da Lagoa Maior, dos movimentos fortes e ritmados e pelos olhares diretos lançados ao público pelos bailarinos e bailarinas da Cia.

Cia de Dança do Pantanal em Migrantes
Cia de Dança do Pantanal

Em um segundo momento, a artista Maria Eugênia Tita, cativou a todos com a deliciosa companhia do seu Cabeção, figurino-personagem inspirado em manifestação popular de São Caetano de Odivelas, cidade do interior do Pará, que se remexe em passos dos ritmos tradicionais brasileiros como Frevo, Coco e Cavalo Marinho. A performance-dança abriu os imaginários das pessoas, e principalmente das crianças, fazendo-as viajar nessa aventura lúdica por meios dos trejeitos jocosos da artista.

Cabeção com Maria Eugênia Tita

O desfecho das apresentações de Domingo foi a apresentação-encerramento da residência artística Eu pulo bloco, e você? orientada por Ana Carolina Mundim, que durante três dias, trabalhou com o grupo de artistas bailarinos, para fazer emergir uma dança-manifesto, que pudesse dar conta de sensibilizar o próprio grupo e as pessoas presentes, e encontrar um estado de festividade coletiva compartilhada. Impossível não se emocionar com a entrega dos bailarinos participantes, desafiados, certamente, por Ana, multiartista, amante do movimento, da natureza e dos encontros.

Eu pulo bloco, e você?
Eu pulo bloco, e você?

A edição de 2022 do FD3 contou com uma programação de 4 dias, com a participação de 200  bailarinos, de Três Lagoas, Aquidauana, Campo Grande, Corumbá e Paranaíba de Mato Grosso do Sul e de outros estados, que se apresentaram na Mostra Aberta e Mostra Profissional, e ainda puderam compartilhar conhecimento e experiências por meio das oficinas e das Rodas de Conversas.

Fotos: Reginaldo Borges

Texto: Renata Leoni - artista da dança, produtora e gestora cultural, membro da equipe de curadores do FD3

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