Depois da poeira baixada, voltamos para refletir
sobre como foi a 4ª Edição do Festival Dança Três, após alguns anos sem poder
realizar o evento, por vários motivos, entre eles, e o mais impactante, a pandemia,
que nos distanciou dos públicos por mais de dois anos.
Um breve retrospecto das edições anteriores: as primeiras
aconteceram em 2013 e 2014, assim, uma atrás da outra, com um lapso de tempo
para a realização da terceira edição, que só ocorreu três anos depois, em 2017,
e a edição de 2022, a quarta e a última, até agora, realizada pela equipe de
artistas produtoras da Arado Cultural.
O Festival Dança Três foi pensado com o intuito de reunir
artistas e suas produções variadas, aproximá-los dos públicos da cidade de Três
Lagoas, em conexão com os públicos das cidades da fronteira de Mato Grosso do
Sul e de São Paulo, criando um ambiente favorável para a troca de experiências
e aprendizados. A proximidade de Três Lagoas com cidades do interior de São Paulo,
motivou os organizadores a pensarem em maneiras de incentivar os fluxos e os
canais de comunicação entre os dois estados, abrindo outras oportunidades de
conexão, por meio da dança.
Comecemos pelo fim. Domingo, 5 de junho, Lagoa Maior, Três
Lagoas, Mato Grosso do Sul. Havia poeira sim! Levantada pelas danças que por lá
movimentaram os chãos e os públicos: pessoas comuns, frequentadoras daquele
espaço lindo da cidade, formado em sua maioria por moradores locais, bailarinos
participantes do Festival, pessoal da produção, técnicos e organizadores do
evento. Um último encontro para celebrar todos os outros que aconteceram e que ainda
serão proporcionados por meio da dança.
Nesta tarde, a programação iniciou com a Cia de Dança do
Pantanal, de Corumbá, com o trabalho-intervenção Migrantes. A
coreografia de Wellington Julio Ferreira da Silva aliada à força de um elenco
jovem e potente, hipnotizou os presentes mais distraídos, por meio de corridas
pelos espaços da Lagoa Maior, dos movimentos fortes e ritmados e pelos olhares
diretos lançados ao público pelos bailarinos e bailarinas da Cia.
Em um segundo momento, a artista Maria Eugênia Tita, cativou a todos com a deliciosa companhia do seu Cabeção, figurino-personagem inspirado em manifestação popular de São Caetano de Odivelas, cidade do interior do Pará, que se remexe em passos dos ritmos tradicionais brasileiros como Frevo, Coco e Cavalo Marinho. A performance-dança abriu os imaginários das pessoas, e principalmente das crianças, fazendo-as viajar nessa aventura lúdica por meios dos trejeitos jocosos da artista.
Cabeção com Maria Eugênia Tita |
O desfecho das apresentações de Domingo foi a
apresentação-encerramento da residência artística Eu pulo bloco, e você?
orientada por Ana Carolina Mundim, que durante três dias, trabalhou com o grupo
de artistas bailarinos, para fazer emergir uma dança-manifesto, que pudesse dar
conta de sensibilizar o próprio grupo e as pessoas presentes, e encontrar um
estado de festividade coletiva compartilhada. Impossível não se emocionar com a
entrega dos bailarinos participantes, desafiados, certamente, por Ana, multiartista,
amante do movimento, da natureza e dos encontros.
Eu pulo bloco, e você? |
A edição de 2022 do FD3 contou com uma programação de 4
dias, com a participação de 200
bailarinos, de Três Lagoas, Aquidauana, Campo Grande, Corumbá e Paranaíba
de Mato Grosso do Sul e de outros estados, que se apresentaram na Mostra Aberta
e Mostra Profissional, e ainda puderam compartilhar conhecimento e experiências
por meio das oficinas e das Rodas de Conversas.
Fotos: Reginaldo Borges
Texto: Renata Leoni - artista da dança, produtora e gestora cultural, membro da equipe de curadores do FD3
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