Desde a sua gênese, O Festival Dança Três procurou contemplar a produção em dança do estado de Mato Grosso do Sul principalmente, seja por meio de convites a artistas, grupos e companhias que produzem espetáculos, seja pelas convocatórias que são abertas a cada edição, para dar oportunidade àqueles artistas que criam coreografias curtas, muitas vezes limitadas ao tempo de uma música de sua escolha.
Dessa forma, o Dança Três distribui a sua programação em
Mostra Aberta, para coreografias curtas e Mostra Profissional, para
espetáculos, que de maneira bem simples, diferem das coreografias pela duração
do trabalho apresentado, sendo também composto por coreografias. Essa foi a
maneira encontrada pela produção do evento para abarcar o maior número de
artistas.
Dito isso, passemos a falar sobre os convidados e
selecionados da edição 2022 do Festival Dança Três.
A noite de abertura do Festival, 02 de junho, trouxe à Praça
Ramez Tebet, o espetáculo R.U.I.A. realidade ultrassônica de invasão
aleatória da Cia Dançurbana de Campo Grande. Criado para atender uma
carência de espetáculos de dança para o público infantil, a Dançurbana apostou
na multiplicidade de seu elenco para apresentar uma proposta super
comunicativa, que brinca com a criança de cada um. O trabalho compôs a
programação por meio do Projeto III Edição Circula Dançurbana.
Público na Praça Ramez Tebet |
Artistas participantes |
Em seguida, as atrações que subiram ao palco da praça, mostraram a diversidade da produção em dança de Três Lagoas, com coreografias de variados estilos, levando aos presentes o melhor da dança três-lagoense. Os grupos locais foram convidados a participar, através de interlocução da produção do festival com o Departamento de Cultura do município.
Se apresentaram nesta noite, Thiago Ramalho Cia de Dança,
Studio Pamela Dourado, Studio de Dança Bricio Dance, Pole Studio A, Studio de
Dança Elis Araújo, Kauan KL Cia de Dança, Junia Ziryab, Elis Araújo e Projeto
“Éh Cultura” Diretoria de Cultura de Três Lagoas.
Bricio Dance |
Pole Studio A |
Projeto "Éh Cultura" Diretoria de Cultura de Três Lagoas |
Thiago Ramalho Cia de Dança |
O segundo dia do festival, iniciou com apresentações na Escola Municipal Professora Maria Eulália Vieira. Pela manhã, às 9h, por meio da Mostra Novos Criadores, uma inovação da edição 2022 do festival, a apresentação do espetáculo Sobre tentativas e lugares de recomeço do Grupo Armazém 67 de Campo Grande. À tarde, às 15h, a Cia de Dança do Pantanal apresentou Fernão Capelo Gaivota.
A abertura das apresentações da noite ficou com a Focus Cia
de Dança do Rio de Janeiro, com o sucesso de público e crítica, As canções
que você dançou pra mim, com coreografia de Alex Neoral para um pot-pourri
de músicas de Roberto Carlos. O público se deliciou aos embalos das canções do
Rei Roberto que marcaram época.
Focus Cia de Dança em As canções que você dançou pra mim |
A noite trouxe também uma programação variada de coreografias de grupos de Três Lagoas, Aquidauana, Campo Grande, Corumbá e Paranaíba.
No sábado, as apresentações começaram com Términus da
Luminis Cia de Dança de Campo Grande. O espetáculo foi inspirado em situações
vividas pelos bailarinos da Cia, retratando as dores e amores de pessoas
interconectadas pelos caminhos da vida. A noite também apresentou coreografia
de artistas, grupos e cias selecionados para a Mostra Aberta e foi finalizada
pela apresentação do Grand Pas de Quatre de Pugni com a convidada Cia de
Dança do Pantanal de Corumbá.
Luminis Cia de Dança |
Os grupos selecionados para as apresentações da Mostra Aberta, dias 03 e 04 de julho foram: Aquidauana Cia de Dança, Ballet da Nova Geração, Cia de Dança Canindé, Espaço de Dança Suzana Leite, Grupo Armazém 67, Grupo Conexão Urbana, Grupo Expressão de Rua, Grupo Mahila, Grupo Maktub, Grupo Urbe, Hana Aysha Danças Árabes, Hands UP, Invictus Dance Crew, Oficina de Dança de Corumbá, Soma Cia de Dança, Studio de Dança Beatriz de Almeida, Studio de Dança Mayara Martins.
Grupo Armazém 67 |
Grupo Expressão de Rua |
Grupo Mahila |
Grupo Urbe |
Hands Up |
Soma Cia de Dança |
A programação do festival também contou com ações formativas, composta por oficinas de variados estilos de dança, ballet clássico, samba de gafieira e danças brasileiras, e da residência artística, Eu Pulo Bloco, e você? um formato mais alongado de atividade, com três dias de duração e que resultou em apresentação no encerramento do Festival.
Oficina Samba de Gafieira |
Oficina de Improvisação a partir das Danças Brasileiras |
Residência Eu pulo bloco, e você? |
Residência Eu pulo bloco, e você? |
Pode-se dizer que um dos momentos mais importantes da edição de 2022, foram as Rodas de Conversa, que aconteceram no alojamento, de maneira diferente dos anos anteriores. Nesta oportunidade, a organização do evento convidou todos os participantes a conversarem de maneira livre sobre as apresentações que viram nos dias do festival, sem direcionamento temático.
Muitos assuntos surgiram, e, elencamos aqui a questão do
profissional da dança, tema para tantas e tantas conversas e discussões
incansáveis e que possivelmente poderemos abordar numa próxima edição do FD3.
Mas afinal, quem é profissional na dança? A questão surgiu a
partir de alguns participantes que perguntaram sobre a diferença entre a Mostra
Aberta e Mostra Profissional, já que para os profissionais haveria cachê pelas
apresentações, o que já foi explicado no parágrafo inicial. Mas a pergunta
ainda está longe de ser respondida. Mesmo porque, provavelmente, não exista um
conceito definitivo.
Podemos ao menos levantar mais perguntas e refletir sobre o
nosso próprio fazer, para, em outro momento, voltarmos ao assunto.
Então, quem se arrisca a começar o debate?
Fotos: Reginaldo Borges
Texto: Renata Leoni - artista da dança, produtora e gestora cultural, membro da equipe de curadores do FD3
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